Galeria Karla Osorio apresenta a exposição individual
“MEMÓRIA DOS RIOS: LUGARES SAGRADOS”, de Rômulo Andrade
Galerias 1 , 2 e 3 Pavilhão III
Textos de Ailton Krenak e Bené Fonteles

Abertura, sábado, 02 julho 2022, brunch, 10-15h

A Galeria Karla Osorio apresenta a exposição individual “MEMÓRIA DOS RIOS, LUGARES SAGRADOS” do artista Rômulo Andrade, cuja abertura será dia 02 de julho, sábado, entre 10h-15h, com a presença do artista. A mostra reúne mais de 30 obras, sobretudo pinturas e assemblages criadas no últimos 20 anos. Todas em técnica mista, explorando aspectos da identidade ancestral Brasileira, utilizando formas e processos que dialogam com o imaginário de povos tradicionais na América Latina.

Como diz Bené Fonteles, em texto escrito para esta exposição:
“São raros os artistas no Brasil que, de frente para um mar, não estejam de costas para o interior do país e a vastidão da América do Sul. Rômulo é um raro destes. Sempre com olhar muito vasto, é um visionário leal à sua utopia e a nossa ancestralidade – antenado com um “futuro ancestral” do qual nos anuncia Ailton Krenak. Também visionando a Eternidade no agora, Rômulo nunca teve medo de não estar fazendo a chamada “arte contemporânea”, as vezes tão oportunista e duvidosa. Faz uma poética “cosmopolítica” como Krenak sugeriu se chamar o movimento que os artistas lançaram na recente Bienal de SP e na mostra no MAM/SP pelo nome de Arte Indígena Contemporânea. Rômulo há décadas vem fazendo do Planalto Central para o Brasil de verdade, uma arte ampla de sentidos e expressões, por amor à bioregião do Cerrado e as suas águas, matriz de tantos rios brasileiros. Águas cristalinas maculadas, para elas cria um manifesto visual sem nunca separar arte da ecologia e da espiritualidade. Mais do que um esteta apurado e de muito rigor, é um poeta seminal a serviço da consciência e da Luz”.

Ailton Krenak também escreveu sobre a obra do artista e segue abaixo íntegra de seu texto, em 2016.
“Uma geração inteira de pensadores artistas formada na luta política em nosso país, com suas antenas aguçadas atinaram desde cedo, lá pelos anos 70 que Natureza e criação nas artes eram matérias do espírito, e logo iniciaram uma cruzada no meio cultural com sensível abertura de espaços no imaginário e nos tímidos meios de comunicação daqueles tempos. “Artistas pela Natureza “ nasce com esta marca de caçadores de Beleza nos rios, nas matas, cerrados e chapadões. Entoando canções do Tom Jobim, Águas de março, chuvas, pedra e pau; Gilberto Gil, Egberto Gismonti e Bené Fonteles vieram puxando um cortejo com grandes flautas Assurini, e lançando as redes Yanomami aos espaços da consciência – Armadilhas indígenas: Cildo Meireles, Athos Bulcão, Rubem Valentim, Lygia Pape, Xico Chaves, Amilcar de Castro, Roberto Mícoli, Marcos Benjamim, Emmanuel Nassar, Siron Franco, Miriam Pires, Marlene Almeida… muitos outros que aqui não caberia seguir a lista luminosa, e Rômulo.Ele é dessa estirpe de gente. Terra. Fogo. Vento. Ar. Rômul vem com líquens e gravetos nos cabelos. Feito faunos, eles dançam pelas águas, pelas florestas e seus habitantes, gentes e bichos. Ecologia para Rômulo é a própria Arte em movimento, paisagens oníricas e signos gravados em pedra, símbolos ancestrais.
É isso que transpira a série “Memória das Águas”, suas pinturas ameríndias que resultaram de uma longa viagem amazônica. Viagem de argonautas, o mundo de águas e florestas visitadas pelas antenas do poeta, avistando as rupestres marcas que remontam a antigas civilizações. Inscrições feitas em relevo nas rochas, encontradas desde a América central à do sul, com pedra dura que tanto bate que entalha, grava. Painéis a céu aberto que remetem a ritos cerimoniais, caçadas e pescarias. Armadilhas, como aquelas que ainda podem ser vistas numa releitura, dialogando com artefatos e objetos de uso cotidiano do acervo etnográfico do Memorial dos Povos Indígenas, com as obras do Rômulo, e uma provocante pergunta sobre o tempo destas criações. Com arte indígena contemporânea & Artistas pela Natureza.
Mais de três décadas de expressão da arte/ natureza engajada está ali, com um vocabulário que pode ser entendido mesmo pelas crianças que visitam as mostras deste brasileiro que se tornou defensor do Cerrado, de um sertão que teima em existir entre campos, veredas e buritizais. Agora, Rômulo entrega essas “Memórias das Águas”, como uma dádiva para este mundo desgovernado de secas e rupturas, onde os humanos seguem como zumbis a insensata corrida para o fim do mundo. Ao mundo que herdamos de nossos ancestrais, com a missão de entregar aos nossos filhos e netos, às futuras gerações. Há momentos em que Rômulo vê sete gerações à nossa frente, e busca as memórias ameríndias em suas mirações. Com materiais e recursos dos mais diversos, aqui são lonas envelhecidas restauradas e reinventadas com arte, remos de madeira e canoas, bastões de cana de buriti entalhados a fogo. A viagem pelos sertões e veredas é sem fim, assim como o sonho de um dia a arte ensinar aos humanos a linguagem das árvores, dos pássaros e das pedras” .

Sobre o artista
Rômulo Andrade (Niterói 1954) Vive e trabalha em Brasília. Teve sua iniciação artística na infância, com seu pai. Radicado em Brasília desde 1975, onde participou do projeto Cabeças. Graduado em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília (1985). Conviveu com grandes artistas como Athos Bulcão, Glênio Bianchetti e Bené Fonteles. Utiliza o desenho, na gravura em metal e serigrafia, e atua também como designer gráfico. Participante ativo do Movimento Artistas pela Natureza, um coletivo que luta em defesa do bioma Cerrado, dos rios brasileiros, dos territórios e dos direitos indígenas. Integrou como artista convidado a Expedição Humboldt – Amazônia 2000. Dessa viagem resultou uma nova série de obras, 3 exposições e edição de 10 vídeos educativos. Participou de inúmeras mostras locais e internacionais. Tem longa pesquisa sobre a poética dos sertões do Brasil, focalizando o Cerrado. Usa materiais impregnados pelo tempo: madeiras nobres, metal, pigmento mineral sobre papel feito à mão, tela e lonas de grande formato. De suas obras emana certa ancestralidade que remete aos mitos ameríndios e sítios arqueológicos. Obras que dialogam com uma dimensão mais visionária e se aproximam dos povos aborígenes e selvagens do futuro.


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Serviço
– “MEMÓRIA DOS RIOS: LUGARES SAGRADOS” individual de Rõmulo Andrade – Galerias 1, 2 e 3 Pavilhão I

A mostra ocorre paralelamente a mais duas exposições inaugurando no mesmo dia.
– “HIATUS” exposição individual de Graziela Guardino Curadoria Carolina Lauriano – Galerias 4 e 5 Pavilhão II
– “AVESSO DO OCASO” individual de Álvaro de Santana – Galeria 6 Pavilhão III

Abertura: Sábado, 02 de julho, entre 11-18h Visitação até 08 de agosto.
Visitação: Segunda à sexta, 09-18h30
Sábado 09-14h, sempre mediante agendamento prévio por telefone, DM no instagram ou whatsapp.