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Matheus Marques Abu na 1-54 Nova York 2025, estande 20

12 maio, 2025

A Galeria Karla Osorio apresenta uma exposição individual do artista MATHEUS MARQUES ABU na 1-54 Nova York. Essa é a primeira apresentação do artista nos Estados Unidos, e a mostra reúne oito obras inéditas, suas mais recentes criações.

Matheus é um jovem artista afro-brasileiro (nascido no Rio de Janeiro, em 1997), cujo universo artístico gira em torno da memória das travessias transatlânticas ocorridas nos primeiros períodos da colonização no Brasil. O mar, a natureza e os ideogramas adinkras tornam-se extensões de seu próprio corpo e metáforas de comunidade, ocupando posições centrais em suas obras.

Por meio dessa abordagem, tais elementos ganham autonomia para narrar suas próprias histórias, estabelecendo conexões com o passado e abrindo novas possibilidades de interpretação para o futuro. A manipulação e o deslocamento de imagens por Abu criam uma narrativa afetiva e nostálgica. Suas pinturas subvertem a relação convencional entre corpo e mar, evocando sensações que permitem ao espectador uma conexão atemporal com o espaço ao redor. Suas representações de mergulhos ao lado de pássaros são tão meticulosamente trabalhadas que quase se pode sentir a sensação do voo.

O curador Igor Simões, que tem acompanhado o artista nos últimos meses, nomeia essa apresentação como: “A dialética do salto ou a suspensão do tempo não tem morte… Não há perigo, há apenas a ação e os milésimos de segundo do salto.”

Segundo Simões, Matheus Marques Abu integra um grupo singular de artistas que nos convidam a refletir sobre uma escola de pintura: a escola dos artistas negros do Rio de Janeiro. Essa percepção não surge do nada, mas responde a uma longa tradição. A forma como ele consegue reunir na superfície de sua pintura o domínio dos elementos clássicos da composição e, ao mesmo tempo, um jovem negro que salta e mergulha no céu, é algo raro e sofisticado. A beleza que Abu alcança também carrega tragédia, drama e transcendência, tudo calculado e analisado ao máximo em sua produção pictórica, revelando um caráter barroco.

No caso brasileiro, o barroco é uma arte produzida por artistas negros. Em outras obras, como em “O morro que parece céu”, o foco se altera: o objeto torna-se apenas um caminho para alcançar a pintura como uma experiência de cor. O detalhe expandido conduz a uma compreensão das camadas de luz e ao exercício de construir uma pintura que reflete sobre si mesma, mas sem cair no mito modernista da arte pela arte.

Sobre o artista

Matheus é um artista autodidata que resgata a linguagem akkan (adinkras) em suas obras, desafiando os regimes dominantes de visibilidade e o cânone da história eurocêntrica (incluindo a história da arte). Seu trabalho ilumina uma história alternativa, invisível aos olhos da mentalidade colonial.

Em 2021, participou de uma residência artística e teve uma exposição individual na Galeria Karla Osorio, em Brasília. Entre outubro de 2022 e fevereiro de 2023, esteve em uma residência artística em Milão, seguida por uma mostra individual. Também participou de residências na Áustria (A.I.R Krems, janeiro de 2023) e na Suíça (One Gee in Fog, Genebra, maio-junho de 2023).

Seu trabalho integrou diversas exposições institucionais, como DOS BRASIS (Sesc Belenzinho) e FUNK (Museu de Arte do Rio). Além disso, suas obras foram apresentadas em importantes feiras de arte, como ArPa, ARTSAMPA, SPArte, ARTRio, Art Genova (Itália), Abu Dhabi Art (Emirados Árabes), SPARK Viena (Áustria), 1-54 Londres, ARCO Lisboa.

Entre junho e agosto de 2024, participou de uma exposição coletiva na October Gallery, em Londres, e em novembro apresentou uma mostra individual na Galeria Nuno Centeno, em Porto, Portugal. Suas obras integram coleções de museus e instituições renomadas, como o Museu de Arte do Rio (MAR), Fundação Getúlio Vargas (curadoria de Paulo Herkenhoff) e o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), todos no Rio de Janeiro.

Galeria Karla Osorio

Fundada em 2017, a Galeria Karla Osorio é a única galeria de Brasília com presença internacional, participando de feiras em diversos países. Sua diretora possui ampla experiência em arte contemporânea.

Em 2000, criou o ECCO – Espaço Cultural Contemporâneo, a principal instituição privada sem fins lucrativos dedicada à arte contemporânea em Brasília por 15 anos. O espaço apresentou mais de 250 artistas em exposições individuais e coletivas, além de projetos educativos e cerca de 100 publicações. Alguns dos artistas exibidos foram AES+F, Artur Barrio, Bené Fonteles, Cildo Meirelles, Hélio Oiticica, Mário Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Nelson Leirner, Rosângela Rennó, Sebastião Salgado, Vik Muniz, Wang Qing Song, entre outros.

A galeria representa artistas brasileiros e internacionais em início e meio de carreira, além de atuar no mercado secundário. Seu programa destaca a geometria, o minimalismo e a poesia visual, com forte presença da abstração na pintura. Também apoia artistas que exploram questões de gênero e abordam temas socioeconômicos com precisão, refletindo sobre os desafios do nosso tempo. Além disso, a galeria desenvolve projetos para fomentar o colecionismo emergente e inserir artistas no cenário nacional e internacional.

A galeria conta com uma filial em São Paulo.