Epidermes da memória, a primeira exposição individual da artista paulista Cristina Sá em Brasília, reúne pinturas e desenhos inéditos, concebidas em sua técnica original de colagem, sobreposição de papeis artesanais sobre tela, criando composições inovadoras a poéticas que unem o Oriente ao Ocidente. A exposição está aberta para visitação até o dia 19 de novembro, mediante agendamento.

Como ressalta a crítica Angélica de Moraes, “a delicadeza da sua obra, sugere e insinua muito mais do que afirma taxativamente algo… o foco de sua criação descende da tradição do “mundo flutuante” (Ukiyo-e), da gravura tradicional japonesa feita a partir de matrizes de madeira (xilogravura). Essa técnica, de traços espessos e cores suaves, se realiza em superfícies planas, sem qualquer sugestão de perspectiva e com inventivas padronagens gráficas (estampas geométricas).

A artista atualiza essa tradição, fazendo em suas composições uma simbiose entre pintura e gravura, por meio da técnica da colagem. A tela de linho se une e se confunde com a fibra dos fragmentos de papéis orientais estampados, que ela rasga e incorpora ao conjunto, criando “peles” de sofisticados grafismos. Estes, por sua vez (esse jogo de passado e presente acontece a todo momento no trabalho dela) remetem às padronagens dos quimonos de seda e suas refinadas sobreposições de tecidos.

Os fragmentos de papel, incorporados à superfície da pintura, incluem padronagens, mandalas e fractais que surgem de processos de computação gráfica e de escaneamento e reprodução de imagens que ganham cores digitais antes de serem impressas e recortadas para recuperarem fisicalidade e se integrarem à composição pictórica. Há um fascínio evidente nessas intervenções de traços e cores feitas pela artista na tela do computador e que depois pousam na tela da pintura, somando tecnologias da era eletrônica a uma das técnicas artísticas mais antigas da história da arte. Nessa fusão de mundos reside uma das qualidades poéticas mais marcantes da obra de Cristina Sá. Uma obra que discute a pele do mundo e as fronteiras do outro. Algo que busca a respiração necessária dos poros e interfaces entre culturas“.

Sobre a artista

Cristina Sá vive e trabalha em São Paulo. Formada em Arquitetura de Interiores e História da Arte na Escola Panamericana de Artes Estudou com mestres como Maciej Babinski, Pedro Algaza e Philip Hallawell. Desenvolve trabalho original de pintura utilizando papeis artesanais, sobretudo provenientes do Oriente. Sua obra situa-se entre a pintura e a colagem, fundidas de modo prefeito com técnica desenvolvida por ela, cujo resultado é belo e original. Conceitualmente mescla o Oriente e o Ocidente de modo excepcional, com muita poesia e habilidade inigualável, criando um novo mundo pleno de magia, consolidando técnica que lhe é muito própria.

Nos últimos 10 anos já participou de várias exposições individuais e coletivas, inclusive em museus e instituições, além de ter tido sua obra em várias feiras de arte. Recebeu inúmeras premiações por sua obra, que já está presente em coleções importantes privadas e institucionais.

MURO#3

Em paralelo,  “MURO, em sua 3ª edição,  apresenta grande painel de grafite do artista Gabriel Marx, conhecido nas ruas por PLIC, que desenvolve trabalhos artísticos em diversas mídias. Ele foi um dos integrantes do maior projeto de arte urbana realizado em Brasília até hoje: ARTE RADICAL, no ECCO- Espaço Cultural Contemporâneo, em 2012. No projeto “Mundo Fantástico das Ruas” PLIC transforma o espaço urbano em um ambiente lúdico e alegre através de pinturas e grafites. As obras são idealizadas e executadas levando em consideração os aspectos arquitetônicos, urbanísticos e a realidade social do local escolhido para abrigar a ação/obra. O artista já realizou intervenções urbanas em diversas partes do Brasil e em algumas partes do mundo, como Copenhagen (Dinamarca), Roma (Itália), Barcelona (Espanha), Viena (Austria), entre outros.  O MURO abre espaço para jovens artistas de intervenção urbana elaborarem obras a serem parcialmente feitas em interatividade com o público, aproximando-o do processo criativo.