A Galeria Karla Osorio apresenta a exposição individual “do AR para LUZ” da artista Daisy Xavier com curadoria de Luisa Duarte,  abertura 23 de agosto, segunda-feira, entre 10h-19h, Galerias 4 e 5, Pavilhão II, mediante agendamento via DM instagram, whatsapp ou email.  

Sobre a exposição 

Segundo a curadora Luisa Duarte, “a obra de Daisy Xavier trai a vontade, tão atual, de tudo catalogar, esquadrinhar, delimitar. Em uma  época que apregoa a precisão e a eficácia, seus trabalhos recordam a fragilidade contida sob a vontade voraz por controle, segurança e  resultado. Dando um passo além nessa hipótese, afirmo que a produção da artista faz mais um desvio em relação a um traço marcante da  atualidade, qual seja, a de um mundo que se recusa a acolher ambiguidades ou matizes. Não há espaço para “mas”, “porém”, “talvez”,  “será?”. As hesitações devem ser descartadas em favor de certezas e afirmações categóricas. A obra de Xavier caminha justamente na  contramão de tais imperativos atuais.  

A exposição “do AR para LUZ” encontra-se alinhavada através de três séries de trabalhos.  

“Pequenas gravidades” apresenta telas de grande formato sobre as quais a artista introduz um elemento essencial de sua poética, qual seja,  a rede. A superfície planar é envolvida por redes de fios metálicos que formam relevos, desenhos ondulatórios, movimentos que se contrapõe  a rigidez bidimensional do quadro. A rede, assim como a água, não deixa precisar o que está dentro ou fora. Borra as fronteiras, deflagra o  trânsito, sem definir o nome do destino. Ou seja, guarda a potência de suspender dualidades, binarismos, em favor de um terceiro que  descortina a chance de atravessamentos e reversibilidades. O partido pelo indiscernível, por algo que escapa ao enquadramento, parece  ser fruto da recusa em forjar uma possível ordem. Ordem incompatível com um inconsciente que, como a água, é fluido, não admitindo  sinalizações exatas, tampouco definições estanques. 

Em “Sobre como as coisas caem”, telas verticais nos direcionam para uma especulação recorrente na produção da artista, aquela que versa  sobre o equilíbrio tênue que permeia a nossa experiência no mundo. Aqui, pó́de ferrugem, chapa de latão, ácido e ecoline forjam pinturas  que, em diálogo com a gravura, desvelam cubos vazados tecidos em metal cujos vestígios guardam a memória de diferentes quedas.  Completam a exposição pequenas telas brancas sobre as quais pousam redes metálicas e lãs de cor alaranjada. Estes trabalhos formam o  vínculo com a série inédita de pinturas na qual a artista faz um uso intenso da cor, algo raro em sua trajetória. Aqui, formas agudas, quase  rígidas, contrastam com a leveza produzida pela mescla entre aquarela e acrílica. A repetição, tão presente em sua obra, se faz presente  com a multiplicação de uma mesma forma, quase-vetores de seis pontas que se sobrepõem deflagrando uma explosão de fragmentos que  parecem flutuar no quadro. Entre as redes metálicas que evocam pequenas gravidades e as telas hiper coloridas Daisy Xavier desenha uma  passagem do AR para LUZ.  

Sobre Daisy Xavier 

Nascida em 1952 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. É formada em psicologia e psicanálise e aborda em sua obra a preocupação com  os limites, as identidades e as alteridades do corpo humano, seja pela desconstrução ou pela recriação das formas e conceitos. A artista  cria imagens de forte carga poética onde o corpo deixa de ser meramente físico e passa a representar inquietações pessoais, sociais e  políticas, seja pela desconstrução ou pela recriação de formas e conceitos estabelecidos. Elementos como a rede e a água são recorrentes  nos trabalhos da artista – sejam vídeos, fotos, instalações, pinturas ou desenhos. Os elementos não deixam definir o que se encontra dentro  ou fora criando campos intercambiáveis, de constante mutação. Em 2010 foi indicada para ao Prêmio PIPA 2010 e desde os anos 80  participa de exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior, tanto em museus, instituições como em galerias privadas. 

Sobre a Curadora Luisa Duarte 

(Rio de Janeiro, 1979) Crítica de arte e curadora independente. Seu trabalho gira em torno do exercício teórico e prático, sendo um  complementar ao outro. Faz parte de uma geração que colabora ativamente para a profissionalização do campo da curadoria no Brasil. Entre 2009-2018 foi crítica de arte para o jornal O Globo. Com as curadoras Lisette Lagnado, Aracy Amaral (1930), Cristiana Tejo (1976) e  Marisa Mokarzel (1949), integrou o projeto Rumos Itaú Cultural Artes Visuais 2005-2006. Tem mestrado pela PUC-São Paulo (2010) e  Doutorado (2020) pela UERJ. Segundo ela a escrita de crítica de arte e o exercício teórico muitas vezes antecede uma curadoria,  funcionando assim como uma tradução no espaço físico de um pensamento vertical de natureza crítica. Assim busca, ao longo de sua  trajetória e na troca constante com artistas e outros pensadores, responder a questões e inquietações que atravessam o cotidiano em que  vivemos.

Aproximação do Vermelho. Acrílica e aquarela sobre tela. 188 x 124 cm