‘Magma’ é a primeira exposição individual do artista francês em Brasília. A exposição reúne um conjunto de obras recentes que confirmam o interesse do artista pela exploração das metamorfoses da matéria e dos sistemas híbridos, entre geométrico e orgânico, natural e artificial.

Com o magma, as obras têm em comum a substância mineral, um campo de matéria que Dumesnil tem explorado em várias oportunidades ao longo dos anos. Material misterioso, lugar das alquimias subterrâneas e matriz do mundo terrestre, o magma como os trabalhos aqui apresentados, tem uma inerente viscosidade, entre estado líquido e sólido, não se enquadrando em uma única categoria.

A aparente inscrição formal das obras com os diversos movimentos da abstração geométrica e minimalista, camufla o caráter complexo e deliberadamente imprevisível do processo de produção implementado pelo artista.

Na série “Labirinto” que o artista vem produzindo desde 2015, Dumesnil replica em argila crua e outros minerais composições geradas por algoritmos influenciados por variações climáticas contingentes na atmosfera terrestre. Deixando assim a matéria e os processos naturais (calor, gravidade, umidade, magnetismo…) agir dentro do ‘quadro’ criado por ele, o artista interroga tanto a essência do seu próprio gesto, como sua inscrição num ecossistema maior e a forma na qual inventariamos e categorizamos o mundo.

Ao observarmos as rachaduras aleatórias da argila e os espessos deslizamentos minerais na fibra vegetal, somos convidados a resgatar uma certa ‘memória ecológica’ e levados também a nos questionar sobre a deliberada perda de controle e contornos que acontece nessas camadas terrosas. Em um mundo em que as opiniões, ideias e posições parecem cada vez mais se engessar  num dualismo simplório e redutor, as qualidades simbólicas e matéricas do magma, sua densidade, seu caráter fluído e impalpável podem servir de potente alegoria.